Capazes de ocupar diversas zonas no ambiente marinho, os moluscos bivalves se destacam como um dos grupos mais versáteis da aquicultura, adaptando-se a uma série de sistemas de cultivos bastante diversos entre si. Assim como as macroalgas, estes organismos requerem baixo grau de manejo, necessitando, basicamente, de um substrato de fixação ou para se enterrarem, além de ficar submersos parte do dia ou o dia todo para a realização de sua particular forma de alimentação, a filtração. Naturalmente, existem particularidades entre as inúmeras espécies de bivalves cultiváveis, que influenciam na seleção dos sistemas.
Os long lines (espinhéis), as mesas e as balsas são os sistemas mais empregados em cultivos comerciais no mundo, sendo largamente difundidos, desde a Ásia (China, Malásia), Europa (principalmente Espanha e França), até as Américas (Canadá, Estados Unidos, Chile, Venezuela e Brasil). Tais sistemas permitem o cultivo de uma grande quantidade de moluscos utilizando-se pouca área, já que exploram a coluna d´água e ocupam, assim, tridimensionalmente o espaço.
Semeadura Direta
A semeadura direta é utilizada em cultivos de moluscos (mexilhões, sururus, ostras, abalone, lambreta e massunim) e também de macroalgas. O princípio é simples: as sementes são depositadas diretamente sobre o fundo. Em alguns casos, podem ser instaladas telas ou barreiras para proteção dos organismos cultivados. Este é um método de cultivo tradicional e muito barato, praticado em muitos locais do mundo. Porém, sua desvantagem é não ser tão produtivo como os sistemas suspensos.
Long-lines de superfície (espinhel)
Segundo Poli (2004), são estruturas que permitem cultivar os moluscos em regiões mais abertas e profundas (entre 4 e 40 m de profundidade), sujeitas a maiores forças, como baías e enseadas e até mesmo em mar aberto. Recomenda-se que a profundidade mínima no local de instalação seja de 3 m durante a maré mais baixa do ano. Correntes muito fortes podem afetar negativamente os cultivos.
Long-lines de meia água
Long-lines de meia água constituem um sistema de cultivo apropriado para locais com profundidades maiores, em torno de 10 m ou mais. Têm um custo de implantação muito elevado e que envolve a operação com barcos e equipamentos especializados.
Na linha de cultivo a meia-água os flutuadores, são submersos e inicialmente amarrados a cada 10 metros no cabo principal e sua marcação deve ser feita com o uso de bóias sinalizadoras.
Balsas
As balsas, assim como as mesas, são sistemas usualmente empregados nos cultivos de moluscos bivalves. O sistema é basicamente composto por um conjunto de boias e armações de madeira mantido na superfície da água. Uma balsa pode ser ancorada por uma ou mais poitas, mas respeitando-se uma quantidade mínima de cabo equivalente a três vezes a profundidade do local. O tamanho das estruturas empregadas no Brasil costuma variar entre 4 x 6 m a 7 x 14 m.
Mesas
O sistema fixo, também conhecido como varal, mesa ou “rack” é empregado em locais com baixa dinâmica e profundidade de até 3 metros. Esta estrutura de cultivo é semelhante a uma “mesa”, composta por um conjunto de estacas ou postes – de madeira, concreto, PVC ou metal – cravados no leito marinho e ligados entre si. Os pés dessas mesas são enterrados em fileiras, espaçados entre si a cada 2 ou 3 metros. Sobre estes pés é feita uma armação horizontal, gradeado onde as cordas de mexilhões e/ou as lanternas de ostras são amarradas. A proposta é manter os organismos cultivados sem contato direto com o fundo.
Varais e racks
Outros sistemas fixos de cultivo de ampla utilização são os varais e os racks, conhecidos como cultivos suspensos fixos. Também são empregados em locais com baixa dinâmica e profundidades máximas de até 4 metros. A diferença para os sistemas de mesa se dá pela forma de fixação e posicionamento das estruturas de cultivo, que nas primeiras são apoiadas e neles penduradas.
O sistema de varal é composto por um conjunto de estacas ou postes de madeira, concreto, PVC ou metal, cravados no leito marinho e ligados entre si através de cabos de nylon trançado ou de polietileno, já nos racks, a interligação é feita por estacas rígidas ou bambus (travessões).
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Poli, C. R. 2004. Cultivo de ostras do Pacífico (Crassostrea gigas, 1852). Eds. C. R. Poli, A. T. Poli, E. R. Andreatta, & E. Beltrame. Florianópolis, SC: Aquicultura: experiências brasileiras. pp. 251-266.