O uso de anestésicos no manejo de peixes
André Luiz Vicente (29/04/14)
Procedimentos de rotina em produção e em pesquisa relacionadas à piscicultura são potenciais causadores de estresse. Atividades de manejo como identificação de matrizes, injeção de hormônios para reprodução, obtenção de sangue e tecidos para análises laboratoriais, vacinação, transporte e biometria podem resultar em imunossupressão, injúrias físicas e até mesmo em morte.
Com o propósito de otimizar o manejo sem que fatores de estresse e danos à integridade física dos peixes representem um ponto negativo no processo produtivo, o uso de anestésicos tem se tornado uma prática de rotina em locais onde a manipulação direta dos animais é necessária.
Entre os produtos sintéticos mais utilizados na anestesia de peixes no Brasil, estão o MS-222, a benzocaína e o 2-fenoxietanol. Produtos naturais, derivados de plantas como os óleos essenciais de cravo e menta caracterizam-se como uma alternativa viável em relação a dificuldade de obtenção e o valor dos anestésicos sintéticos.
A anestesia em peixes geralmente é realizada por imersão, ou seja, o composto anestésico é adicionado na água. Os animais passam então por uma sequência de estágios anestésicos que estão associados a mudanças comportamentais, iniciando-se com a perda de reação a estímulos externos até a redução parcial ou total dos movimentos operculares. O estágio normalmente utilizado para o manejo adequado dos peixes é a anestesia cirúrgica (estágio IV) e para o transporte, seria ideal a obtenção da anestesia profunda (estágio III). O tempo ideal para atingir este estágio deve ser de um a três minutos e a recuperação de até cinco minutos.
Figura 1: Peixes Palhaço Amphiprion ocellaris em estágio anestésico IV.
A escolha de um anestésico deve ser baseada, além dos tempos necessários para indução e recuperação anestésicas, em critérios como o valor do produto, eficácia, disponibilidade no mercado, facilidade de obtenção, segurança durante a utilização e os possíveis efeitos colaterais aos peixes, ao o manipulador e também ao meio ambiente
Figura 2: Biometria do lambari Astyanax altiparanae em estágio anestésico IV.
Agradecimentos: Ana Silvia Pedrazzani e Thayzi de Oliveira Zeni.
REFERÊNCIAS
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