Por Nathieli Cozer
A captação e o uso de água da chuva passaram a ser uma alternativa à pressão, sobre os recursos naturais, gerada pelo aumento significativo da população mundial.
Estas práticas, já deixaram, de ser novidade em vários países. Na Dinamarca por exemplo, aproximadamente 25% do consumo das casas provém da água da chuva. Na Inglaterra, o Millennium Dome, uma arena multi-esportiva, capta certa de 13.100 m³ de água da chuva por ano. Em países como a Alemanha e a Coreia do Sul a prática de captar água de chuva está inserida no cotidiano das pessoas e das indústrias. Na Austrália, na cidade litorânea de Gold Coast estima-se que 7,3 milhões de m³ por ano de água da chuva são coletados e isto representa 8% do consumo total local de água. Em Cingapura, 90% da água utilizada é oriunda da chuva sendo coletada em telhados urbanos que estão adaptados para sua coleta. A Figura 1 representa um modelo de telhado em forma de amêndoa, da Universidade Técnológica de Nanyang em Cingapura que além de fornecer isolamento térmico, foi projetado para escoar a água da chuva, que após ser coletada é armazenada em reservatórios subterrâneos.
No Brasil, a água proveniente da chuva, captada em centros urbanos, é considerada não potável, pois pode conter desde partículas de poeira e fuligem, até sulfatos e demais substancias contaminantes, portanto, não é adequada para o consumo humano. Ainda assim, pode ser usada nas tarefas domésticas que mais consomem água, como lavar a calçada, o carro, irrigação de plantas e até mesmo no vaso sanitário.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou a NBR 15527:2007 que fornece os requisitos para o aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis. Segunda a NBR 15527:2007, a concepção do projeto do sistema de coleta de água de chuva deve atender às ABNT NBR 5626 e ABNT NBR 10844. Deve-se incluir na concepção os estudos das séries históricas, sintetizados, das precipitações da região onde será feito o projeto de aproveitamento da água de chuva. Ainda, no estudo devem constar o alcance do projeto, a população que utiliza a água de chuva e a determinação da demanda a ser definida pelo projetista do sistema.
O aproveitamento da água da chuva é composto basicamente por um sistema de captação da água precipitada em áreas como telhados, lajes e calçadas e o seu consequente armazenamento em reservatórios (cisternas), para posterior uso e/ou distribuição dessa água (Figura 2).
Entre os muitos benefícios da captação da água de chuva estão: a redução do consumo e do custo com água tratada pela rede pública; a diminuição da utilização de água potável onde não é necessário; a preservação ambiental; pode significar redução dos gastos com a conta de água; ajuda a evitar enchentes, pois parte da água que teria de ser drenada para galerias e rios é represada e ainda, encoraja uma postura ativa perante os problemas ambientais e da cidade.
Referências consultadas
ABNT (2007) NBR 15.527: Água de chuva – Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. .
Borghetti JR, Ostrensky VP, Ostrensky A, Débora Pestana da Silva (2017) A Água no Setor Industrial da Região do Alto Iguaçu e dos Afluentes do Alto Ribeira, FIEP.
Jaques RC (2005) Qualidade da água de chuva no município de Florianópolis e sua potencialidade para aproveitamento em edificações.
Martins MVL, Rufino RR (2016) Análise comparativa das normas brasileiras e americanas para sistemas de aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis. Revista Brasileira de Energias Renováveis, 5.
May S (2004) Estudo da viabilidade do aproveitamento de água de chuva para consumo não potável em edificações. Universidade de São Paulo.
Fonte da Imagem de Capa: ecycle.com.br