Por: Felipe Kacham de Carvalho e Nathieli Cozer
03/04/2017
Os salmões são peixes migratórios que pertencem à família Salmonídea, bem como as trutas. São peixes bastante estudados, pois possuem uma grande relevância na aquicultura e na pesca comercial.
O ciclo de vida do salmão é um tema bastante curioso e está sintetizado na Figura 1.
Figura 1. Ciclo de vida do salmão. Fonte: http://minadeciencia.blogspot.com
Encontrados naturalmente nos oceanos Atlântico (Figura 2) e Pacífico (Figura 3), retornam à água doce na época de desova. Embora os salmões do Atlântico possam se reproduzir mais de uma vez, o salmão do Pacífico morre após a reprodução.
Figura 2. Salmão do Atlântico. Fonte: http://espacepourlavie.ca/en/file/4256
Figura 3. Salmão do Pacífico. Fonte: http://nomarprofundo.blogspot.com.br
Ainda hoje, não se sabe ao certo como esses salmonídeos conseguem encontrar o caminho de volta para mesmo rio onde nasceram. Uma teoria é que os salmões possam usar o campo magnético da terra como forma de navegação.
Outra possível explicação para tal fenômeno é que antes de sua migração para o mar, o salmão juvenil memoriza os odores químicos e físicos associados com seu local natal e mais tarde, como adultos, utilizam essas memórias de odor para o homing (retorno ao lar).
Estudos recentes demonstraram que os salmões se movem dentro de certas microestruturas nas camadas da água, e são particularmente sensíveis à estímulos de baixa frequência na gama de 0,1 a 10Hz (ou seja, infra-sons). Este fato implica no fato do salmão poder detectar a aceleração linear à qual está exposto quando se desloca de uma camada para outra. Com base nesses conhecimentos, propõe-se o seguinte cenário para a orientação do homing: Em mar aberto, o salmão se move de uma camada, com um cheiro particular, para uma camada adjacente e assim, obtém informações sobre as diferenças químicas entre as camadas.
Assim, o salmão pode detectar as características (movimentos e odores) de uma camada particular e pode se orientar em uma direção em contracorrente dessa camada. Se esta camada contém odores característicos da corrente doméstica, tal comportamento conduzirá, eventualmente, os peixes às fontes dos sinais químicos atrativos. No entanto, nem todos os salmões apresentam esse comportamento como o caso do salmão anósmico (que teve perda total do olfato) que não demonstra este comportamento, nem em água doce, nem em água salgada.
Para avaliar a capacidade migratória por meio do olfato, salmões de prata foram capturados em armadilhas em Issaquah Creek e em East Fork, pequenos córregos dos Estados Unidos. Os poços olfatórios de metade dos peixes foram ocluídos antes que todos fossem deslocados para o Issaquah cerca de uma milha abaixo da junção dos dois córregos. Os salmões do grupo controle, ao contrário daqueles com poços olfatórios ocluídos, mostraram uma excelente capacidade de repetir sua escolha original na junção dos córregos. Isso é interpretado como significando que os peixes operados não foram capazes de diferenciar entre as duas correntes, mas estavam distribuindo-se de forma aleatória. Os resultados, portanto, estão de acordo com aqueles que seriam esperados se os peixes estivessem confiando em seu olfato ao fazer esta escolha.
Referências
Bentzen, P., J. B. Olsen, J. E. McLean, T. R. Seamons and T. P. Quinn (2001). “Kinship Analysis of Pacific Salmon: Insights Into Mating, Homing, and Timing of Reproduction.” Journal of Heredity 92(2): 127-136.
Døving, K. B. and O. B. Stabell (2003). Trails in Open Waters: Sensory Cues in Salmon Migration. Sensory Processing in Aquatic Environments. S. P. Collin and N. J. Marshall. New York, NY, Springer New York: 39-52.
Quinn, T. P. (1980). “Evidence for celestial and magnetic compass orientation in lake migrating sockeye salmon fry.” Journal of comparative physiology 137(3): 243-248.
Wisby, W. J. and A. D. Hasler (1954). “Effect of olfactory occlusion on migrating silver salmon (O. kisutch).” Journal of the Fisheries Board of Canada 11(4): 472-478.