Aline Horodesky
Projeto de Pesquisa: “Influência das condições ambientais na sobrevivência e nas características microbiológicas da ostra do mangue Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1819) (Bivalvia, Ostreidae).”
A pesquisa esta voltada a três linhas de estudo:
– Influência das condições ambientais nas taxas de sobrevivência da ostra do mangue (Crassostrea brasiliana)
Ostras do gênero Crassostrea são moluscos bivalves presentes no infralitoral, distribuindo-se desde o estado de Santa Catarina, na região Sul do Brasil, até o Pará, na Região Norte. A espécie C. brasiliana é capaz de sobreviver em salinidades de 8 a 34 e tem um melhor desempenho na faixa de 15 a 25, classificando-a como uma espécie eurialina. Observações a campo mostram que a espécie está bem adaptada a viver em ambientes de grande variação de salinidade, suportando águas com salinidade muito próxima a zero por períodos relativamente curtos de tempo. Porém, em salinidades abaixo de 8 as ostras fecham suas conchas e param de filtrar. Por isso, quando as ostras estão expostas a salinidades próximas ao seu limite de tolerância pode haver redução na taxa de ingestão e até mesmo na paralisação da alimentação, acarretando diminuição do crescimento e mortalidade.
Atualmente, estão sendo realizados experimentos com o objetivo de avaliar as taxas de sobrevivência de ostras em imersão em diferentes salinidades e temperaturas, assim como avaliar a influência da temperatura ambiente no tempo de sobrevivência de ostras mantidas fora da água.
– Características microbiológicas da ostra do mangue (Crassostrea brasiliana) do litoral paranaense
O consumo de ostras tem aumentado consideravelmente em todo o mundo nas últimas duas décadas e, paralelamente, o número de surtos associados ao consumo deste molusco vem aumentado proporcionalmente.
As ostras se alimentam da matéria orgânica presente no plâncton através da filtração da água. Na presença de micro-organismos patogênicos ou microalgas nocivas na água, estes são retidos e concentrados no trato intestinal dos moluscos. Caso o processamento e preparo das ostras não seja eficiente na remoção (depuração) ou destruição (cozimento) destes micro-organismos ou toxinas, o consumo de ostras pode representar um perigo à saúde pública.
Conhecer e quantificar a influência de variáveis ambientais sobre a sobrevivência de C. brasiliana e estabelecer uma relação entre tais variáveis e a contaminação microbiológica de ostras é fundamental não apenas pelos aspectos biológicos envolvidos na questão, mas também para possibilitar a definição de estratégias para uma melhor conservação das ostras durante o transporte e comercialização e, desta forma para se manter as contagens bacterianas dentro de níveis seguros para a saúde do consumidor.
– Influência das condições ambientais na presença de brown cells no tecido de ostras do mangue (Crassostrea brasiliana)
As ostras possuem as chamadas brown cells que são células responsáveis por mecanismos de defesa contra patógenos, respostas inflamatórias, controle de batimentos cardíacos e detoxificação celular. A variação na distribuição dessas células nos tecidos das ostras pode estar relacionada à resposta contra agentes exógenos e que os locais de maior prevalência de brown cells seriam pontos de excreção de substâncias indesejáveis para o bivalve.
Portanto, a partir dos resultados encontrados com a avaliação dessas células será possível definir, se as alterações das condições ambientais possibilitam o aumento das brown cells nos tecidos das ostras, como respostas de defesa do organismo.
Aline Horodesky possui graduação em Ciências Biológicas pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória-Paraná (2009) e mestrado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Federal do Paraná (2012). Atualmente é pesquisadora do Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais da UFPR. Tem experiência na área de crustáceos e monitoramento da ictiofauna em ambientes impactados.