Por: Nathieli Cozer e Vitor Gomes Rossi
Publicado em: 08 de novembro de 2016
O cultivo de camarão é uma atividade secular, que teve início na Ásia, com pescadores artesanais, que aprisionavam camarões adultos e pós-larvas através de diques, construídos no próprio mangue, que eram abastecidos pela variação das marés (Figura 1).
Figura 1. Construção de diques para aprisionamento de camarão. Fonte: www.issuu.com
Dentre as espécies de maior destaque, em termos de volumes cultivados, destacam-se Penaeus monodon (Figura 2) e Litopenaeus vannamei (Figura 3). No entanto, o L. vannamei possui maior representatividade dentro da carcinicultura mundial e corresponde, por aproximadamente, 50% de toda a produção mundial de crustáceos cultivado.
Figura 3. Exemplar da espécie Litopenaeus vannamei. Fonte: http://www.zealaqua.com/Vannamei-Shrimp.aspx
O L. vannamei, comumente conhecido como camarão-da-pata-branca, pertence à ordem Decapoda e à família Penaeidae. É uma espécie endêmica da costa oriental do Oceano Pacífico, distribuindo-se desde o Peru (região de Tumbes) até o México (região de Sonora). Assim como os demais camarões peneídeos, o L. vannamei é classificado como onívoro, alimentando-se de fito e de zooplâncton nos estágios larvais e pós-larval. Essa espécie é reconhecida como osmoreguladora, sendo considerada eurihalina, tolerando rápidas e amplas flutuações na salinidade (0,5 – 40 ups).
Em condições de cultivo, as maiores taxas de crescimento desse camarão foram observadas em salinidades entre 25 e 30 ups e temperaturas entre 23 e 30°C. A reprodução L. vannamei ocorre em zonas marinhas e os ovos as larvas são planctônicas, sendo levados passivamente em direção à costa. Já no estágio de pós-larva, o camarão deixa de ser planctônico e passa a ser bentônico. Também é nessa fase que L. vannamei deixa o ambiente tipicamente marinho para se desenvolver em zonas estuarinas, onde permanece durante praticamente toda a fase juvenil em lagunas ou áreas de mangue. Ao final desta fase, os animais migram novamente para as zonas marinhas, onde se reproduzem. Os machos atingem a maturidade sexual medindo em média 17 cm e pesando em torno de 20 g e as fêmeas medindo cerca de 23 cm e com peso de 28 g, o que acontece a partir dos 6-7 meses de vida.
Grande parte do sucesso do L. vannamei na carcinicultura mundial está justamente relacionada às suas características biológicas e zootécnicas, tais como: grande tolerância à variações e à extremos de salinidade; suportar bem elevadas densidades de cultivado; apresentar rápido ganho de peso, mesmo com níveis relativamente baixos de proteína na sua dieta.
Referências
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