Têm-se observado uma tendência de contínuo aumento da demanda por áreas para a instalação de empreendimentos em tanques-rede nos reservatórios brasileiros, o que se justifica devido à boa produtividade proporcionada por esse sistema de cultivo (de 60 a 150 kg/m³), aos índices zootécnicos, ao aperfeiçoamento de tecnologias de cultivo, à existência de um grande número de áreas represadas para fins hidrelétricos, ao perfil do novo mercado comprador em ascensão (indústrias processadoras) e ao aumento da disponibilidade de insumos (alevinos e ração) de boa qualidade.
Esse sistema de produção é hoje aquele que tem maior potencial para incrementar a produção aquícola, gerar emprego e renda e colocar (finalmente) o Brasil entre os grandes produtores aquícolas mundiais.
Contudo, o ordenamento da aquicultura sem uma avaliação adequada para o cálculo da produção máxima de peixes a serem produzidos nos grandes reservatórios do país, pode resultar conflitos entre os múltiplos usuários dos reservatórios e em grande prejuízo ambiental, levando à extrapolação da capacidade de suporte do ambiente e, em outro extremo, a um inadequado aproveitamento das potencialidades de crescimento pelo setor.
A metodologia atualmente utilizada e aceita para o cálculo da capacidade de suporte de reservatórios foi desenvolvida por Dillon & Rigler (1974) e, apesar de ser por vezes considerada ultrapassada, fornece resultados conservadores, sendo um método amplamente adotado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e por órgãos de meio ambiente estaduais para a emissão de Outorgas e Licenças Ambientais.
O objetivo deste projeto é avaliar metodologias e modelos utilizados para a determinação da capacidade de suporte para o cultivo de peixes em reservatórios e, com base em um estudo de caso (reservatório de Chavantes, divisa Paraná-São Paulo), propor o uso de uma metodologia a ser aplicada nos estudos relacionados à demarcação e instalação dos parques aquícolas brasileiros. O ponto de partida para a realização deste projeto será o trabalho de demarcação dos parques aquícolas dos reservatórios do Rio Paranapanema, realizado pelo GIA, recentemente concluído e entregue ao MPA.
No presente trabalho, prevê-se a realização de análises complementares de qualidade de água deste reservatório e a caracterização do sedimento de fundo em áreas com e sem empreendimentos aquícolas já instalados; levantamento dos processos produtivos adotados e das respectivas práticas de manejo adotadas na piscicultura regional; realização da estimativa de cargas de nutrientes aportadas ao reservatório e os respectivos fluxos de nutrientes; levantamento de diferentes métodos de estimativa de capacidade de suporte empregados; uso de modelagem matemática para estudo da hidrodinâmica local, de ondas, e para modelagem da qualidade da água e da dispersão de material particulado proveniente do manejo dos peixes cultivados; e, por fim, a avaliação do modelo mais apropriado de cálculo da capacidade de suporte para as condições ambientais, tecnológicas e sociais como as verificadas na região de estudo e que também se repetem em outras regiões brasileiras.
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