Desenvolvimento da cavidade oral de peixes
Por Diego Junqueira Stevanato
Publicado em 03/07/2015
A cavidade bucofaringeana dos peixes tem sido estudada por pesquisadores antes mesmo da década de 30, uma vez que, este segmento, está diretamente relacionado à seleção e captura do alimento. Anatomicamente, a fenda oral fornece predefinições do hábito alimentar de uma determinada espécie. Muitos pesquisadores classificam os peixes conforme os aspectos estruturais e funcionais da boca.
O desenvolvimento oral inicia-se horas após a eclosão dos peixes. Nesta etapa, as diferentes espécies possuem diversos volumes vitelínicos, quanto maior o nível trófico na cadeia alimentar entre os peixes, menor sua reserva corporal, consequentemente, maior sua necessidade em capturar e adaptar-se ao alimento. Pontos críticos devem ser observados: posição, tamanho e formato da boca, desenvolvimento das estruturas digestivas e atividades enzimáticas.
Figura 1 – Desenvolvimento dos dentes do Astyanax altiparanae: 1) dentes de pós-larvas com aproximadamente 20 dias de idade; 2) dentes de juvenis com aproximadamente 2 meses de idade.
Estudando os diferentes níveis alimentares entre os peixes, observa-se que a grande maioria dos peixes filtradores, sejam eles passivos (abrem a boca durante sua movimentação na água para que partículas de alimento fiquem retidas nos rastros branquiais) ou ativos (permanecem parados e bombeiam a água através de movimentos ativos da cavidade oro-branquial), apresentam dentes diminutos ou até ausentes na cavidade oral. Para melhor capturar o alimento, esses peixes possuem rastros branquiais maiores, funcionando como peneiras na retenção do alimento.
Figura 2 – Cavidade oral ausente de dentes. Fonte: Dênver Lisboa.
Já os peixes carnívoros, classificados como “topo” de cadeia alimentar, em diversas ocasiões, alimentam-se de partículas (presas) de porte muitas vezes superior ao seu tamanho corporal, necessitando de uma estrutura oral muito mais complexa que os peixes inseridos na base da cadeia alimentar. Esses, por sua vez, apresentam dentes grandes e pontiagudos, dispostos até os arcos branquiais. Algumas espécies apresentam dentes de um único tipo distribuídos em duas linhas paralelas localizados somente na mandíbula.
Figura 3 – Dentes de peixes carnívoros. Fonte: Dreanstime®; Ministério da Educação.
Os dentes podem ser encontrados no maxilar, pré-maxilar e na própria região dentária. Os principais tipos de dentes encontrados são: Caninos (formato cônico com função de segurar a presa); Incisivos (dentes grandes com borda cortante); Cardiformes (pequenos, finos e agrupados em placas, com aspecto de lixa, encontrado geralmente em bagres); Achatados (caracterizam a alimentação voltada à organismos com carapaças duras, como crustáceos e até grandes sementes); Viliformes (pequenos, alongados e pontiagudos) e, Molariformes (achatado com função de esmagar o alimento).