Por: Juliane Burda
Em 2016 a Giacometti Comunicações, uma agência de propaganda especializada em elaborar estudos etnográficos e quantitativos, realizou uma pesquisa com 24 grupos de jovens brasileiros com 30 anos de idade. Chegaram aos seguintes resultados: 52% dos jovens brasileiros chegam aos 30 anos de idade frustrados com sua carreira, 64% sentem que as coisas simplesmente aconteceram e que não tiveram muito controle sobre suas escolhas profissionais, 72% estão insatisfeitos com o seu trabalho principalmente devido à falta de reconhecimento, excesso de tarefas ou problemas de relacionamento e apenas 36% dos jovens sentem que foram os responsáveis efetivamente pelas suas conquistas. Segundo a OMS em 2015 o Brasil foi o pais com maior número de pessoas com Transtorno de Ansiedade, e o segundo país com maior número de pessoas depressivas nas Américas.
Em uma pesquisa realizada por Costa Lemos, et al. (2013) “Inserção de alunos bolsistas no mercado de trabalho: Qual o valor do diploma universitário? ” realizaram entrevistas com 13 egressos do curso de Administração de uma famosa universidade privada do Rio de Janeiro que se formaram entre 2009 e 2011, e chegaram aos seguintes resultados: entre as barreiras encontradas pelos estudantes para sua inserção no mercado de trabalho está a falta de domínio da língua inglesa, a falta de experiência profissional principalmente quando somada ao peso da idade e à inexperiência em participar de processos seletivos. Já alguns dos fatores apontados como facilitadores à contratação dos alunos foram a reputação da universidade cursada, a importância de uma boa rede de relacionamentos e do investimento contínuo na educação.
Siqueira e Ribeiro (2018) em seu trabalho “Fatores que influenciam a empregabilidade de recém-formados no mercado de trabalho” analisaram uma base de dados formada pelos resultados de cerca de 9.700 jovens em um processo seletivo afim de determinar quais características possuem maior destaque e consequentemente maiores chances de trazer ao candidato a contratação. Com base nesse trabalho, vale destacar alguns resultados: existe preferência por parte da empresa por alunos provenientes de institutos de ensino públicos; dentre os aprovados no processo seletivo 64% são homens; observa-se uma valorização daqueles estudantes que participaram de atividades extracurriculares, principalmente do tipo Empresa Junior, em detrimento daqueles candidatos que não possuem vivências no meio acadêmico; é necessário domínio da língua inglesa; e no geral, a preferência na hora da contratação se dá por pessoas que trabalhem duro, lidem bem com a pressão em ambientes competitivos, resolvam problemas com simplicidade e evitem idealismos.
Os resultados obtidos em ambos os trabalhos trazem algumas ideias em comum entre as quais podemos destacar a necessidade de dominar o inglês e de possuir experiências profissionais prévias, no entanto, o trabalho de Costa Lemos, et al. (2013) também traz ao debate os recortes de classe necessários. Ao analisarmos os fatores que facilitam ou dificultam a ocupação do mercado de trabalho é importante levar em consideração aspectos como saúde, tempo livre, facilidade de migração e rede de apoio. Estas são algumas das condições básicas necessárias ao indivíduo para que este possa aumentar suas chances de inserir-se no mercado de trabalho e sem deixar de lado seu bem-estar físico e emocional, mas hoje pouco se fala nisso. Diante do atual cenário de desocupação encontrado no Brasil o jovem, frustrado com sua carreira, passa a buscar por carreiras alternativas e a “fuga de cérebros” se torna uma alternativa cada vez mais óbvia.
Referência:
Brasil: Campeão Mundial do Transtorno de Ansiedade, publicado em: 06/03/2017 por Dra. Ana Escobar, disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/brasil-campeao-mundial-do-transtorno-de-ansiedade.html
Costa Lemos, et al. – INSERÇÃO DE ALUNOS BOLSISTAS NO MERCADO DE TRABALHO: QUAL O VALOR DO DIPLOMA UNIVERSITÁRIO ?, publicado em Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, vol. 7, núm. 4, out-dec, 2013, pp. 24-41, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil, disponível em: ttp://www.redalyc.org/articulo.oa?id=441742851003
Siqueira e Ribeiro – Fatores que influenciam a empregabilidade de recém-formados no mercado de trabalho, publicado em XLVI Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia e 1º Simpósio Internacional de Educação em Engenharia, 03 a 06 de setembro de 2018, Salvador/BA
Mundo Corporativo – Nova Geração: Denis Giacometti fala de frustração e perspectivas para a turma dos 30 anos, publicado em: 29 de out de 2016, em entrevista à rádio CBN, disponível em: https://miltonjung.com.br/2016/10/29/mundo-corporativo-nova-geracao-denis-giacometti-fala-de-frustracao-e-perspectivas-para-a-turma-dos-30-anos/
Depressão cresce no mundo, segundo OMS; Brasil tem maior prevalência da América Latina, publicado por G1 em 23/02/2017, disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/noticia/depressao-cresce-no-mundo-segundo-oms-brasil-tem-maior-prevalencia-da-america-latina.ghtml